Salve rapaziada, apartir de hoje, sempre que possivel estarei publicando pequenas entrevistas com pessoas interessantes e que tenham algo a falar, sejam elas ligadas ou nao a cena hardcore. A Peimeira entrevista e com uma pessoa bem conhecida da cena nacional, Glauce que uma das responsaveis pela HUP Brasil e pelo zine Outspoken e alem disso tambem e baixista do Overstate.
Primeiramente gostaria de saber os planos da HUP para a américa do sul e principalmente para o brasil em 2010? No ano passado vcs concentraram o trabalho com o selo mais na europa certo ? o que fez vcs tomarem essa decisão?
Estamos organizando a turnê do Bane agora para março de 2010 e acabamos de lançar o CD novo deles para a América do Sul (que acabou de chegar para o pessoal da Caustic e estará disponível ainda essa semana!). Por enquanto é tudo que temos de concreto e definido para 2010. E o motivo para que não tenhamos ainda nada além disso definido responde a sua segunda pergunta, sobre concentrar o trabalho na Europa em 2009. Enquanto estávamos no Brasil, deixamos a HUP Records (que originalmente foi fundada pelo Matteo na Itália) um pouco de lado para criar e levar adiante a HUP Brasil e isso foi possível enquanto estávamos em BH. Desde o meio de 2008, entretanto, estamos na Europa e, com isso, acabamos voltando a concentrar o trabalho aqui. É praticamente impossível cuidar do selo nos dois continentes com a mesma intensidade e investimento (de tempo e, principalmente, dinheiro), então fazemos o que é possível sempre. E o fator estar “fisicamente presentes” é o que define onde podemos fazer mais coisas com o selo. O que temos certeza é que continuaremos com a parceria com a xCausticx, que ficou responsável pela venda de todo o nosso material, e que tentaremos fazer entre 1 e 2 turnês internacionais por ano na América do Sul.
Todo mundo diz que o principal fator que atrapalha o crescimento de uma cena ainda e o lado financeiro, eu ate concordo, mas tb acho que o pessoal não pode ficar parado, tem de buscar alternativas p fazer a coisa acontecer. Eu moro no Rio de Janeiro, e tipo, não existe uma cena hardcore na cidade, se vc quiser ir a shows, comprar material , so em outros estados que vc consegue ter acesso a isso tudo. Como vc vê isso?
Eu já tinha uma ideia de que as coisas no Brasil são muito caras, mas a minha visão era mais focada na organização de shows por já ter participado de algumas em BH antes da decisão de fazer a HUP Brasil. Só quando começamos mesmo com o selo é que vimos o quanto TUDO é caro no país. Lançar um CD é muito caro e fazer turnês é mais caro ainda (só para você ter uma ideia, o custo de colocar uma banda no rolê dentro do Brasil para 4 ou 5 shows é praticamente o mesmo das passagens internacionais dessa banda). E para quem organiza os shows nada é fácil também. A maioria das cidades não tem um lugar próprio para shows de hardcore, que seja barato e com equipamento. As pessoas não tem condições de terem seus próprios equipamentos e muitas vezes é necessário alugar toda a aparelhagem para o show. Ou seja, além de arcar com todos os custos da produção do show, ela ainda tem que conseguir a grana para dar para a banda (que cobre apenas o custo do rolê + passagens, já que nenhuma banda que a HUP Brasil leva ao país cobra cachê). Além disso, não temos shows durante a semana no Brasil, o que complica mais ainda uma turnê, pois a banda fica praticamente de segunda a quinta-feira sem tocar, o que acarreta mais custos. Eu gostaria muito que buscar alternativas fosse suficiente, mas no Brasil até para isso é necessário ter algum dinheiro. Não acho que o pessoal fica parado, vejo muita gente na correria para tentar fazer acontecer, muita gente gastando uma grana que sabe que não vai voltar pra não deixar o hardcore no Brasil morrer, mas tudo esbarra em algum limite, infelizmente.
Umas das coisas que eu acho mais legal na HUP e a da venda de cds tanto os nacionais como os importados a um preco bem justo e assim facilitando o acesso das pessoas ao produto original e de qualidade. Aqui no Brasil vcs tiveram uma boa resposta em relação a isso? as pessoas tiveram mas interesse em ter um cd original da banda ou vc ainda vê que muitos ainda preverem ir la e baixar o disco?
Quando decidimos fazer a HUP Brasil, o objetivo era um só: dar mais uma possibilidade aos brasileiros de terem Cds originais de bandas que eles gostam e não tinham acesso antes e também a possibilidade de ver essas bandas ao vivo. Em um país com tão poucos selos capazes de conseguir levar isso adiante, um a mais faz a diferença. A HUP não é nosso negócio, nós temos empregos regulares e dependemos dos nossos salários para mantê-la, é uma paixão. Por isso sempre buscamos colocar os preços de tudo o que fazemos o mais acessível possível e só não fazemos mais pelo custo final das coisas mesmo. Nós temos um público fiel, pessoas que sempre compram o nosso material, mas a maioria das pessoas ainda prefere baixar os álbuns. Essa é uma realidade mundial, mas em alguns lugares como nos EUA, as pessoas optam ainda por comprar para apoiar, pois sabem que uma gravadora depende das vendas para seguir em frente. Além disso, existe a paixão por ter os discos – que não se resumem à música, já que os encartes também fazem parte da “obra”. Além disso, as pessoas parecem preferir comprar um disco importado do que uma versão nacional do mesmo. Claro que vendemos discos de bandas conhecidas, como o Have Heart, mas não o suficiente para cobrir os custos. A única forma de evitar um prejuízo ainda maior foi fazer o lançamento para toda a América do Sul – como fizemos com o último Verse, Have Heart e Bane – em parceria com selos que tem nos apoiado sempre nas turnês. E quando o assunto é banda nacional, a situação da venda dos Cds é ainda mais complicada, poucas pessoas compram.
Você também possui um blog voltado para culinária vegetariana, gostaria de saber sua opinia sobre o aumento de pessoas adeptas do vegetarianismo / veganismo, você acha que isso não passa de uma moda ou as pessoas estão realmente em busca de ter um estilo de vida mais saudavel?
Eu não sei se existe um aumento de pessoas adeptas ao vegetarianismo/veganismo nos dias de hoje dentro do hardcore, mas se existe, eu fico feliz. E acho que sempre vai ter pessoas que adotam o estilo de vida como uma moda e sempre quem levará a decisão adiante para toda a vida. O que acontece (e sempre aconteceu) é que muitas pessoas vão no embalo na hora de tomar a decisão, não pensam direito no assunto e um dia essa decisão não fará mais sentido pra elas. Eu acredito no vegetarianismo/veganismo como a melhor opção de vida, pra mim e para o planeta. Por respeito a todos. Não posso falar por outras pessoas, mas eu tenho certeza que fiz a melhor escolha e nunca olhei pra trás. Sou uma pessoa mais saudável e mais ética por causa dessa escolha e tento mostrar a quem está ao meu redor isso, mas não de forma impositiva (a imposição muitas vezes leva à uma antipatia ou até mesmo a uma decisão por moda, como foi questionado). Eu gosto de escrever e conversar com quem tem interesse no assunto e o blog dá essa liberdade, lê quem quer. E mesmo sendo feito em inglês – já que decidi fazê-lo depois da minha mudança pra Europa – tenho muitos leitores brasileiros. Acredito que ainda falta informação de uma forma geral e também no hardcore (onde antes tinha até demais, agora tem de menos) sobre o assunto. E é por isso que continuo falando de veganismo no meu zine, o Outspoken, que terá uma nova edição até março.
Gostaria de saber como anda a parceria da HUP com a Bridge 9 e se há planos de parcerias com outras selos?
Temos uma ótima relação com a B9 e acredito que ela será mantida enquanto tivermos pessoas interessadas em adquirir o material do selo no Brasil. Infelizmente acho que será difícil termos a mesma relação com outros selos, até porque temos uma relação mais pessoal com a B9. Tivemos alguns itens da Deathwish já na distro da HUP Brasil (e ainda temos alguns títulos na loja on line da Caustic), mas os preços finais deles são mais altos e a maioria dos selos não trabalha com consignação, o que dificulta bastante a importação do material.
Como anda o Overstate?
A situação do Overstate ficou um pouco complicada com metade da banda fora do Brasil, mas não desistimos não! Fizemos um show no ano passado, ao lado do Have Heart, em junho. Deveríamos tocar com o Bane nessa nova turnê também, mas infelizmente não poderei ir. Não sei quando tocaremos de novo no Brasil, mas com certeza aproveitaremos todas as oportunidades pois realmente gostamos do que fazemos com a banda. Além disso, estamos compondo músicas novas. Esperamos ter novidades ainda esse ano!
Para finalizar o que vc anda ouvindo ultimamente e que tem te chamado atenção?
The Wonder Years (http://www.myspace.com/thewonderyearspa)(não conhecia a banda até eles tocarem aqui em Dublin no ano passado e estou viciada no álbum novo), Fireworks (http://www.myspace.com/fireworks), Polar Bear Club, Set Your Goals, o último Strike Anywhere, H2O, Bane novo, gosto muito do True Colors (http://www.myspace.com/truexcolorshc) também, pena que acabou. Bandas de Dublin que eu gosto muito são o Famine (http://www.myspace.com/faminehc), o Frustration (http://www.myspace.com/frustrationhc), Forced Out (http://www.myspace.com/forcedouthc), que é a banda nova do Matteo, e o Find a Way (http://www.myspace.com/findawayhardcore). E das coisas mais velhas eu ainda ouço praticamente sempre Ignite, Lifetime, Kid Dynamite, Outspoken, 7 Seconds... Glauce, muito obrigado pela entrevista, precisando estamos ai!
Eu que agradeço pelo convite, é sempre bom poder falar de coisas que são importantes pra gente e que ainda fazem parte do nosso dia a dia!